Esse texto faz parte da série Panorama da Teologia Feminista Brasileira.
[parte 1, parte 2, parte 3, parte 4, parte 5, parte 6]
Como diria Ivone Gebara “a teologia feminista é parte de uma revolução cultural que ainda está em seus primeiros passos”. A série “Panorama da Teologia Feminista Brasileira” tem como objetivo dar visibilidade e voz para as mulheres que tem ousado dar esse passo e fazer parte dessa revolução cultural.
Quando se fala em Teologia Feminista logo se pensa em nomes como: Elisabeth Fiorenza, Marcela Althus-Reid, Katharina von Kellenbach, Uta Ranke-heinemann, entre outras. Grandes pensadoras que abrem o horizonte para uma nova hermenêutica e uma nova forma de se fazer teologia: valorizando as mulheres. Entretanto, muitas vezes seus textos falam de uma realidade que não vivemos, afinal, o contexto social no qual elas estão inseridas é muito diferente do Brasil.
A teologia brasileira deve ser igualmente valorizada, pois temos preciosidades entre nós! Esse texto pretende apresentar uma breve introdução das teólogas feministas brasileiras e algumas de suas obras. Mulheres que tem se colocado na linha de frente contra uma teologia machista e patriarcal, abrindo caminhos e “rompendo o silêncio”, como diria Ivone Gebara.
Ivone Gebara
“Seu sobrenome ecoa a revolução na América Latina. Ivone Gebara é brasileira, freira e feminista. Pertence à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora – Cônegas de Santo Agostinho – e por décadas viveu no Nordeste do Brasil, numa vida de “inclusão” no meio popular. De dentro da Igreja procura mudá-la. Dedica-se, fundamentalmente a partir de uma teologia feminista, desconstruir o direito natural, patriarcal e machista que a hierarquia católica pretende impor. Devido as suas posições, especialmente em favor da despenalização e legalização do aborto, recebeu severos castigos impostos pelo Vaticano. Porém, Ivone não se cala.
Ela nasceu em 1944. É doutora em Filosofia pela Universidade Católica de São Paulo e em Ciências Religiosas pela Universidade Católica de Lovaina (Bélgica). Durante 17 anos, lecionou no Instituto de Teologia de Recife, até a sua dissolução ordenada pelo Vaticano, em 1999, como uma forma de silenciá-la. Desde então, dedica o seu tempo, principalmente, para escrever, dar cursos e conferências sobre a hermenêutica feminista, novas referências antropológicas e a ética e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso.
É autora de mais de 30 livros e de dezenas de artigos e ensaios, entre eles: “Trindade: palavra sobre coisas velhas e novas. Uma perspectiva ecofeminista” (1994), “Teologia ecofeminista: ensaio para repensar o conhecimento e a religião” (1997), “Rompendo o silêncio: uma fenomenologia feminista do mal” (2000), “Mulheres de mobilidade escravas: as mulheres do nordeste, uma vida melhor e feminismo” (2000), “As águas do meu poço. Reflexões sobre experiências de liberdade” (2005); “O que é teologia?” (2006), “O que é teologia feminista?” (2007), “O que é cristianismo?” (2008) e “Compartilhar os pães e os peixes. O cristianismo, a teologia e teologia feminista” (2008).” ( CARBAJAL, 2012)
Nancy Cardoso Pereira
Nancy é pastora e teóloga metodista. Agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na região Sul Rio, professora de teologia e história da Universidade Severino Sombra, Vassouras, Rio de Janeiro.
“Possui mestrado (1992) e doutorado (1998) em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (1992); pós-doutorado em História Antiga na Unicamp (2006); graduação em Teologia – Bennett (1987), licenciatura em Filosofia pela Universidade Metodista de Piracicaba (2002); membro do conselho editorial da Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana; membro do Palestine Israel Ecumenical Forum (PIEF)/ World Council of Churches (WCC);membro do Núcleo de Estudos de Gênero da Escola Superior de Teologia (EST); experiência de ensino na área de Ciências da Religião/Teologia, Filosofia e História, com ênfase em História Antiga Oriental, Exegese e Hermenêutica Bíblica atuando principalmente nos seguintes temas: metodologia da pesquisa, religião e sociedade, historia antiga oriental, história da religião antiga, filosofia antiga e medieval, antropologia e religião na antiguidade médio-oriental, literatura e relações sociais de gênero, campesinato, hermenêutica feminista latinoamericana. Assessora de Formação da Comissão Pastoral da Terra (CPT).” (CV Lattes)
Publicou livros como “Palavras se Feitas de Carne – leitura feminista e crítica dos fundamentalismos” (2014); “Querida Ivone: amorosas cartas de teologia e feminismo” (Org. 2014); “Remover pedras, plantar roseiras, fazer doces – por um ecossocialismo feminista” (2009). E escreveu diversos artigos sobre a temática da teologia e hermenêutica feminista. Destaco aqui alguns: “Teologia da Mulher” (2015.); “Experiencia Religiosa e Identidade de Gênero. Caminhos da História” (2010); “Hermenêutica feminista: roteiros de inimizade ou parcerias saborosas?” ( 2005).
Ivoni Richter Reimer
Ivoni Reimer é “pastora ordenada da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Fez graduação em Teologia pela Faculdade de Teologia em São Leopoldo e Estudos de Teologia pela Faculdade de Teologia Bethel (Alemanha). Tem experiência na área de Teologia e Ciências da Religião, com ênfase em Bíblia, Sociedade e Cultura, atuando principalmente nos seguintes temas: exegese, hermenêutica bíblica e feminista, espiritualidade, Novo Testamento, mundo sócio-cultural e bíblia, movimento de Jesus, ecologia, movimentos sociais, relações de gênero e literatura sagrada, Direitos Humanos, história antiga e Bíblia.
Pós-doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas, Interdisciplinar, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutora em Teologia/FIlosofia pela Universidade de Kassel (Alemanha, 1990). Professora na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Departamento de Filosofia e Teologia – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Religião; docente no Mestrado em História Cultural). Pesquisadora do CNPq.
Foi professora de Teologia na Universidade Metodista do Rio de Janeiro, no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (RJ) e no Instituto de Filosofia e Teologia (GO). Assessora do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), do Serviço de Animação Bíblica (SAB das ed. Paulinas). Já realizou vários projetos de pesquisa, com produção acadêmico-científica e popular. No momento, seus projetos em andamento são “O movimento de Jesus nos Evangelhos. Sinóticos”, “Literatura Sagrada, Saúde e Gênero” e “Mulheres nas Origens do Cristianismo” (PROPE-PUC Goiás). Coordenou por vários anos, até 2014, o Núcleo de Pesquisa e Estudos da Religião (PUC Goiás). É membro-fundadora da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (ABIB) e de StreitgängerInnen (Alemanha). Professora colaboradora no Programa POLICREDOS do Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra. Professora colaboradora no Programa de Religião e Gênero, das Faculdades EST, São Leopoldo” (CV LATTES)
Autora de vários livros, capítulos e organização de livros, de artigos em revistas especializadas em Teologia, Religião e Hermenêutica (RIBLA, EstTeol, EstBibl, Caminhos, Fragmentos de Cultura, Schlangenbrut, Caminos, Caminhando). É tradutora. Como por exemplo: “Vida de Mulheres: na Sociedade e na Igreja” (1995); “Maria, Jesus e Paulo com as mulheres – Textos, interpretações e história” (2013); “Corpo, gênero, sexualidade, saúde” (2005); “Grava-me como selo sobre teu coração: teologia bíblica feminista” (2005)
Luiza Etsuko Tomita
“Possui graduação em Graduação de Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção(1987), graduação em Filosofia pela Faculdades Associadas Ipiranga(1993), mestrado em Mestrado Em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção(1994), mestrado em Pós-graduação Psicologia pela Faculdade São Marcos(1995) e doutorado em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo(2004). Atualmente é Professora visitante da Escola Dominicana de Teologia, Professora Teologia da Faculdade de Teologia Pio XI e professora visitante do Instituto Teológico São Paulo. Tem experiência na área de Teologia, com ênfase em Teologia Sistemática. Atuando principalmente nos seguintes temas: movimentos populares, mulheres, Teologia Feminista, práticas do cotidiano, sexualidade e corpo.” (CV LATTES)
Sua tese de doutorado foi: Corpo e Cotidiano: a experiência de mulheres de movimentos populares desafia a Teologia Feminista da Libertação na América Latina,(2004); Entre outras produções bibliográficas estão: “A Teologia Feminista no Contexto de Novos Paradigmas” (1997); “A Contribuição da Teologia Feminista da Libertação para o Debate do Pluralismo Religioso” (2003); “O desejo seqüestrado das mulheres: desafio para a teologia feminista no século 21 (2005); Gênero e Religião no Brasil: ensaios feministas” (2006); “A teologia feminista libertadora: deslocamentos epistemológicos” (2010).
Maria Clara Lucchetti Bingemer
Maria Clara Bingemer, é uma pioneira entre as mulheres engajadas na teologia no nosso continente, e é brasileira. “Possui graduação em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1975), mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1985) e doutorado em Teologia Sistemática pela Pontifícia Universidade Gregoriana (1989). Atualmente é professora titular no Departamento de Teologia da PUC-Rio. Durante dez anos dirigiu o Centro Loyola de Fé e Cultura da mesma Universidade. Durante quatro anos foi avaliadora de programas de pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Durante seis anos foi decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio.
Tem experiência na área de Teologia, com ênfase em Teologia Sistemática, atuando principalmente nos seguintes temas: Deus, alteridade, mulher, violência e espiritualidade. Tem pesquisado e publicado nos últimos anos sobre o pensamento da filósofa francesa Simone Weil. Atualmente seus estudos e pesquisas vão primordialmente na direção do pensamento e escritos de místicos contemporâneos e da interface entre Teologia e Literatura” (CV LATTES)
Destaco aqui alguns textos e obras da Bingemer: “E A MULHER ROMPEU O SILENCIO A propósito do segundo Encontro sobre a produção teológica feminina nas Igrejas cristãs” (1986); “A Trindade a partir da perspectiva da mulher” (1986); “Mulher: Temporalidade e Eternidade – A MULHER ETERNA E O ROSTO FEMININO DE DEUS” (1991); “A Mulher Nos Exercécios: “Inimiga”, Discípula, Mãe e Senhora Nossa” (1996); “A mulher na Igreja hoje – a partir e além do Concílio Vaticano II” (2006); “A escuta da mulher (Construindo a fé e a justiça)” (2007).
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O objetivo foi apresentar algumas das teólogas de nosso país. O propósito desse texto é de ser como um guia para compreender a teologia feminista brasileira. Vale a pena buscar cada teóloga e ler um pouco das suas obras. Como disse na introdução: são preciosidades!
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