Esse texto faz parte da série Panorama da Teologia Feminista Brasileira.
[parte 1, parte 2, parte 3, parte 4, parte 5, parte 6]
Como diria Ivone Gebara “a teologia feminista é parte de uma revolução cultural que ainda está em seus primeiros passos”. A série “Panorama da Teologia Feminista Brasileira” tem como objetivo dar visibilidade e voz para as mulheres que tem ousado dar esse passo e fazer parte dessa revolução cultural. Nesse quinto momento serão apresentados coletivos e movimentos que dão apoio para a luta das mulheres no espaço religioso cristão.
Projeto Redomas
“Se considerada como um lugar, pode significar ao mesmo tempo proteção e privação, semelhante aos espaços de exercício da fé cristã. O projeto Redomas: Depoimentos de Dentro, nasceu com a proposta de dar visibilidade às narrativas de mulheres que, em algum momento da vida, em alguns espaços cristãos, foram expostas, objetificadas, classificadas e caladas. Existe mais que apenas um corpo dentro destas redomas. E estes corpos femininos querem falar.
Este projeto foi pensado e está sendo organizado por mulheres cristãs, a maioria delas pertencentes à Aliança Bíblica Universitária do Brasil, que pretendem promover um diálogo para encerrar, de uma vez por todas, a circulação de discursos que considerem mulheres apenas como objetos dentro dos espaços de exercício de fé. Aqui você vai encontrar mulheres escrevendo, falando e produzindo com o intuito de sensibilizar homens e (até outras mulheres) a enxergarem mulheres como um ser. Para além da redoma.”
Coletivo Vozes Marias
O Coletivo Vozes Marias é uma organização de mulheres cristãs que atuam profissionalmente na promoção da justiça e igualdade de gênero e no enfrentamento à violência doméstica contra a mulher. Surgiu no ano de 2014 ligado a Rede FALE – Recife. Sua base de valores éticos busca inspiração e centralidade no Evangelho de Jesus Cristo, debruçando-se sobre os estudos de Gênero e Políticas Públicas para as mulheres.
Coletivo Vozes Marias fala sobre a trajetória de fé e militância de mulheres evangélicas por defesa de direitos, a partir do diálogo e influência da pedagogia crítica e da teologia bíblica feminista, além das experiências pessoais de superação da violência contra a mulher.
Evangélicas pela Igualdade de Gênero
“As ponderações que norteiam este espaço seguem a perspectiva de compreender as relações entre homens e mulheres no espaço religioso evangélico.
O propósito deste espaço é compartilhar ações de redução das desigualdades entre homens e mulheres no espaço religioso, porém com resultados na esfera da família, do trabalho e da sociedade como um todo. O objetivo aqui é desenvolver e compartilhar uma política de empoderamento social entre as mulheres evangélicas. Evangélicas pela Igualdade de Gênero trata-se de uma ação coletiva em que as mulheres tomam controle de seus próprios assuntos, de sua própria vida e de seu destino. Por meio do processo de empoderamento as mulheres evangélicas (protestantes, pentecostais e neopentecostais) podem tomar consciência de suas habilidades (e desenvolver aquelas que lhes faltam) e de suas competências para produzir, criar e gerir em igualdade com os homens.”
Católicas pelo Direito de Decidir
“Católicas pelo Direito de Decidir foi fundada no Dia Internacional da Mulher de 1993. A ONG apoia-se na prática e teoria feministas para promover mudanças em nossa sociedade, especialmente nos padrões culturais e religiosos.
O desenvolvimento humano depende do respeito aos direitos humanos e civis da população, em toda sua diversidade. Lutamos pela igualdade nas relações de gênero na sociedade, na Igreja Católica e em outras religiões. Adotamos a corrente de pensamento ético-religioso feminista pelo direito de decidir, que reconhece a autoridade moral e capacidade das mulheres de tomar decisões livremente em todos os campos de suas vidas.
Nossas atividades são direcionadas para as mulheres, jovens, LGBTs, negras, pois acreditamos ser essencial o fortalecimento destes grupos sociais, sejam eles organizados ou não, para que possamos construir uma sociedade plena de direitos e livre de preconceito e violência. Nos dedicamos à promoção da cidadania e do reconhecimento dos direitos sexuais e direitos reprodutivos como direitos humanos.”
Grupo Flor de Manacá
“Como exemplo dessa preocupação mais ampla com os dilemas da cultura patriarcal e o sofrimento das mulheres do nordeste, nasce na IBP (Igreja Batista do Pinheiro), no ano de 2006, o Grupo Flor de Manacá, assumidamente articulado com uma hermenêutica feminista de gênero.
Mais do que um movimento pedagógico que visa transmitir informações sobre a Bíblia, ou ainda mais do que a simples contextualização da interpretação bíblica, o Grupo Flor de Manacá acaba por se constituir como um interessante instrumento de empoderamento de mulheres simples, na capital Maceió e no interior do estado, que, de outra maneira, permaneceriam passivas frente à posição subalterna em relação aos homens, imposta pela cultura patriarcal na qual estão inseridas. O potencial libertador e conscientizador da Bíblia, serve como fomento para uma nova atitude dessas mulheres frente à sociedade e frente à si mesmas. Nas palavras de Santos (idem, p. 53)¹, “o Grupo Flor de Manacá busca caminho de libertação, de cura e de reconstrução que traga vida melhor para mulheres nordestinas através da releitura da Bíblia”.
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