A dança das palavras

As palavras dançam. Dançam em pequenos passos graciosos. Entre a música que toca, há o silêncio que permite o ritmo. As palavras dançam na sua boca. A melodia que toca é como o barulho da água quente em uma xícara de chá. É como o som das manhãs de domingo quando os pássaros cantam alegremente.

As palavras são cheias de sentido e significações. São diversas danças e ritmos em uma só frase. É preciso aprender a ouvir e ver o movimento dessa dança de roda. Há aqueles que dizem entender suas palavras, porém, é impossível entender a arte e a poesia plenamente. Sempre colocamos nossas experiências nas suas palavras, e isso é que é bonito. Não há uma só interpretação das suas palavras. Todos podem dançar com elas e encontrar seu próprio ritmo. A polifonia e polissemia de suas palavras nos deixam confusos, mas extasiados por tanta beleza e simplicidade. Mas o sentido maior de toda essa dança sempre será um: o amor.

O entrelaçamento dos sentidos das suas palavras possibilita descobertas de significados da profundidade do seu ser. A sua arte confronta, me perturba, me faz pensar no meu eu e nas construções dele. A alteridade se faz presente quando simplesmente abro a janela do meu quarto e vejo as árvores se movimentando da dança do teu vento. Bordo meu eu com as suas poesias, com as linhas das belezas do cotidiano, com as cores das flores e com som do mar.

Nunca vou entender o que você diz, mas quero dançar conforme seu ritmo, sua poesia, seu lirismo, sua melodia. As suas palavras podem dar esperança, aliviar o sofrimento, mas também podem desestabilizar, gerar catarse, crises, metanoia. Talvez seja esse o dom mais poderoso da sua palavra, não apenas os acalentos da alma, mas sim as mudanças de rumo que ela pode trazer. Quando ouvimos sua melodia entendemos que é preciso decidir entre dançar ou permanecermos anestesiados.

A revolução se dará com a dança. Com os corpos se movimentando ao som das palavras de justiça e amor. A sua melodia nos inspira a luta de trazer a vida de paz e alegria para todos. “Quem canta seu males espanta”. Então, ressoaremos no mesmo canto que suas palavras nos dizem: “Queremos vida! E vida em abundância.” Lutaremos até que prevaleça a vida com abundância em todos os lugares, até que a sua melodia não seja interrompida por bombas, tiros, gritos de horror, aviões de guerra, torturas, opressões.

Uma coisa eu sei: Eu decido dançar, mesmo que com passos tortos e sem jeito. Mesmo fora de ritmo, errando e caindo. Quero ver a dança das palavras indo para os corpos. A palavra que se fez corpo e se faz corpo em nós. Quero ver corpos que dançam a a melodia do povo e da luta do povo. Celebrando da vida em abundância. Corpos dançantes, como as palavras dançantes na sua boca. Essa é minha oração.

Amém.

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