nem todo verão tem sol. há verões em que as nuvens prevalecem e a escuridão paira como no mais rigoroso inverno. assim se costura esse janeiro de 2020 – metaforicamente ou não.
na verdade, tudo isso é sobre amar são paulo em dias cinzas. as paisagens simplórias que nos tiram o fôlego –
subir da estação república e contemplar a paisagem: sair em plena avenida ipiranga e ver o circolo italiano.
atravessar a rego freitas com a major sertório: e ter a visão no final da rua da paróquia nossa senhora da consolação.
tomar um café no centro cultural vergueiro: ver as abelhas lambendo as flores na horta comunitária.
meditar no oitavo andar da ocupação almirante negro e mergulhar na realidade da cidade, do caos, do cinza.
mas há beleza. há poesias que brotam entre as rachaduras: gritos no meio da madrugada. beijos trocados em plena luz do dia. jogar tarot e se lambuzar comendo lichia.
não é fácil morar em sp. mas caminhar na avenida paulista, pulando de galho em galho – casa das rosas, japan house, itaú cultural, sesc, feirinhas de artesanato, livrarias, igrejas, músicas variadas… isso torna mais palatável. a cidade pulsa – vida & morte.
isso é sobre meu janeiro. é sobre o caos que paira na cidade e em mim. a vida em solitude é uma aventura para dentro de si – o tédio nunca existe quando já se viveu – já diria camus. rainer também tem me ensinado um bocado sobre isso: encarar a solitude como as crianças. oscar wilde disse algo sobre ser incompreendido, não me lembro o que, mas acho que deve ter razão.
não, não… isso não é um texto coerente. isso é a profusão de pensamentos em palavras. há muito mais… mas por ora o silêncio basta.