hoje eu queria caminhar pela Paulista…

sempre quando eu estava triste ia para a Paulista tomar um café. eu descia no Metrô Consolação e caminhava por ela em toda sua extensão. como em meio de tanto concreto, correria, caos, eu conseguia me animar e acalmar? não sei. também gosto da índia, deve ser de outras vidas a paz no caos.

hoje, após um cansativo dia de trabalho (que por privilégio pode ser em casa), peguei uma cadeira de praia velha que minha mãe e meu pai me deram, um banquinho de madeira e coloquei tudo no quintal de casa. peguei uns salgadinhos que sobrou da festinha de 7 anos de meu sobrinho, uma taça de vinho mas era suco de uva natural – água, vinagre de maçã e uva vitória – que fiz e um livro de poesia que ganhei de um amigo no meu aniversário do ano passado. fiquei vendo a lua, as nuvens, o meu celular, o livro, bebia o suco, comia o salgadinho. havia uma impaciência em mim. há uma impaciência. 

hoje eu queria caminhar pela Paulista. ir em alguma manifestação e sentir a fúria do povo. encontrar a ivone na casa das rosas. foi em uma exposição lá na casa das rosas que conheci a arte de lenora de barros e hoje trago na pele sua frase: mim quer sair de si. e foi lá que sentada estava quando uma garota veio e me perguntou: posso tirar uma foto sua? a luz está tão linda.  deixei.

eu queria distribuir beijos por cada esquina, relembrar os beijos já dado, dos primeiros encontros, dos encontros furados. e de mandar mensagens para amigos e amigas: cheguei, tô na livraria da vida na parte das poesias, aqui o celular não pega. só vem. só vem… queria ir, queria que viessem. queria tomar um café no café do cinema da livraria cultura, bem mais calmo que o café da livraria. conhecia todes de lá. iuma vez até me desenharam em um pratinho com chocolate em pó, coisa linda. ia sozinha, acompanhada, com amigos e amigas, crushes. ia para estudar, ter reunião, pensar. ia quando estava triste. não tinha nada de especial lá, mas me sentia em paz. pegava meu cafézinho e um camafeu. adorava observar as pessoas, ouvir as conversas, folhear os livros recém comprados. quantos beijos na Augusta dei. quantos olhares entre as estações. quantos toques, gostos, aromas, loucuras. 

hoje queria caminhar pela Paulista. ver um filme aleatório em um cinema qualquer. cine sesc sempre tem os melhores preços! comer o pain au chocolat de lá. que delícia. andando até o itaú cultural e sentar naquele banco ou no banco do ponto de ônibus só para ver a banda passar, como diriam os antigos. ouvir as músicas, as expressões artísticas e fugir do povo da unicef, greenpeace e afins: já sou ativista demais da conta, quero só afogar minhas tristezas numa caminhada pela Paulista. é tudo estranho. sentimento esquisito. ao que parece não tem um fim, nem essa situação que vivemos, nem esse texto…

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